As atuais 13 matérias serão reagrupadas em 4 áreas,
como ciências humanas
Mudança curricular é resposta do ministério à baixa
qualidade do ensino, principalmente nas escolas públicas
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O Ministério da Educação prepara um novo currículo
do ensino médio em que as atuais 13 disciplinas sejam distribuídas em apenas
quatro áreas (ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática).
A mudança prevê que alunos de escolas públicas e
privadas passem a ter, em vez de aulas específicas de biologia, física e
química, atividades que integrem estes conteúdos (em ciências da natureza).
A proposta deve ser fechada ainda neste ano e
encaminhada para discussão no Conselho Nacional de Educação, conforme a Folha informou
na edição de ontem. Se aprovada, vai se tornar diretriz para todo o país.
Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, os
alunos passarão a receber os conteúdos de forma mais integrada, o que facilita
a compreensão do que é ensinado.
"O aluno não terá mais a dispersão de
disciplinas", afirmou Mercadante ontem, em entrevista à Folha.
Outra vantagem, diz, é que os professores poderão
se fixar em uma escola.
Um docente de física, em vez de ensinar a
disciplina em três colégios, por exemplo, fará parte do grupo de ciências da
natureza em uma única escola.
Ainda não está definida, porém, como será a
distribuição dos docentes nas áreas.
A mudança curricular é uma resposta da pasta à
baixa qualidade do ensino médio, especialmente na rede pública, que concentra
88% das matrículas do país.
Dados do ministério mostram que, em geral, alunos
das públicas estão mais de três anos defasados em relação aos das particulares.
Educadores ouvidos pela reportagem afirmaram que a
proposta do governo é interessante, mas a implementação é difícil, uma vez que
os professores foram formados nas disciplinas específicas.
O secretário da Educação Básica do ministério, Cesar
Callegari, diz que os dados do ensino médio forçam a aceleração nas mudanças,
mas afirma que o processo será negociado com os Estados, responsáveis pelas
escolas.
Já a formação docente, afirma, será articulada com
universidades e Capes (órgão da União responsável pela área).
Uma mudança mais imediata deverá ocorrer no
material didático. Na compra que deve começar neste ano, a pasta procurará
também livros que trabalhem as quatro áreas do conhecimento.
Organização semelhante foi
sugerida em 2009, quando o governo anunciou que mandaria verbas a escolas que
alterassem seus currículos. O projeto, porém, era de caráter experimental.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/61142-mec-vai-propor-a-fusao-de-disciplinas-do-ensino-medio.shtml